segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Visual Kei está morto.

Sim, meus senhores o que eu digo é real.... o Visual kei está morto e sem direito a phoenix down.

Nos últimos tempos parei pra acompanhar o cenário da música japonesa underground (Já que caso não saiba, o visual kei não é mais um estilo mainstream a quase 10 anos) e confesso que fiquei extremamente frustrado.
Você vai dizer que é questão de gosto, e isso realmente é subjetivo, afinal, gosto cada um tem o seu, mas talvez algumas coisas que eu escreva sirvam para tirar uma lasca da ponta do iceberg em uma velha questão: Por quê o visual kei é um estilo underground?

Vamos começar analisando o ranking da Oricon da última semana:

Top 10 - Singles

01.  Hey!Say! JUMP - Magic Power
02.  Hikawa Kiyoshi - Jounetsu no Mariacchi
03.  Acid Black Cherry - Pistol
04.  Porno Graffitti - One More Time
05.  EXILE/EXILE ATSUSHI - Rising Sun/Itsu ka kitto...
06.  Koda Kumi - Ai wo tomenaide
07.  AKB48 - Flying Get
08.  Dae Guk Nam Ah - Love Parade
09.  miwa - FRiDAY-MA-MAGiC
10.  Fukuyama Masaharu - Kazoku ni narou 


Top 10 - Álbuns

01.  2NE1 - NOLZA
02.  Every Little Thing - ORDINARY
03.  Kalafina - After Eden
04.  BREAKERZ - GO
05.  AAA - #AAABEST
06.  Fujifabric - STAR
07.  Che'Nelle - Luv Songs
08.  SPYAIR - Rockin' the World
09. Red Hot Chili Peppers - I'm with you
10. KASABIAN - Velociraptor!


Top 10 - Singles Indies

01. BIGMAMA - #DIV/0!
02. Golden Bomber - Memeshikute/Nemutakute
03. BORN - Psycho Diva
04. DaizyStripper - Tsuki ni juusei
05. BLUE PLANET JAPAN - Hitotsu dake ~We Are The One~
06. AK-69 - 69 (P. O. R. S. C. H. E. MUSIC)
07. The Mirraz - Last Number
08. Velbet - GAIN COЯE (1000mai gentei seisan ban)
09. Golden Bomber - Boku Quest
10. bonobos - Go Symphony!


Top 10 - Álbuns Indies

01. Kariyushi 58 - Kariyushi 58 Best
02. CNBLUE - 392
03. "Various Artists" - Age mix~All Genre BEST~
04. knotlamp - Bridges We've Dreamed
05. Aoi - symmetry
06. KANAN - CandyCore
07. GLORY HILL - With No Love
08. Okamura Yasuyuki - Etiquette (Purple Jacket)
09. Okamura Yasuyuki - Etiquette (Pink Jacket)
10. S.l.a.c.k.&CES2 - All in a daze work




Ao analisar esta lista você percebe que não há NENHUM artista de visual kei tradicional aí (kote kei), temos a presença de Acid Black Cherry na lista de major, já na indie podemos ver Golden Bomber, Aoi from Ayabie, DaizyStriper e Born. Um número comum de artistas visuais no ranking INDIE.

OBS.: Caso você não saiba, "Indie" é o termo usado para bandas independentes, e "Major" é usado quando a banda tem contrato com grandes gravadoras

Mas o que tem isso a ver? Pois bem isso tem muito a ver com o ponto onde quero chegar.
Quando o Visual kei surgiu no Japão, naquele final da década de 80, as bandas buscavam uma identidade maior, eles queria ser diferentes, eles misturavam e eles ousavam, eles tinham motes e erguiam conceitos que você ouvia nas músicas, mensagens muito maiores que simples canções de amor como na canção "Lullaby" do D'erlanger, que era uma banda que se auto-titulava "Sadistical Punk".
O X Japan então, montou uma legião de fãs que usavam as letras das canções do grupo como hinos, filosofias de vida o qual uma geração inteira seguiu, o "Psychedelic Violence - The crime of visual shock" era muito mais do que uma frase estampada no segundo álbum da banda para afirmar que os visuais eram chocantes, existia por trás de tudo aquilo um motivo.

Nos anos 90 a tendência prosseguiu, Se o X-Japan havia levado ao palco os cabelos coloridos em pé e as roupas de couro agressivas com correntes e toda aquela sonoridade rápida, veloz e ácida, foi por parte do Luna Sea que o o mainstream conheceu o oposto.
A banda formada em 1989 lançou o seu primeiro álbum em 1991, pela Extasy Records (Gravadora do Yoshiki Hayashi, líder e baterista do X Japan), levou ao topo das paradas japonesas um som que ia do melancólico ao agitado facilmente, suas músicas tinham mensagem saudosistas e assuntos utópicos, sempre regados a um tom muito poético nas letras, nessa época o visual kei estava calcado em apenas uma palavra: Arte.

O X Japan chegou ao auge da dramaticidade com sua Opera Rock de 29 minutos chamada "Art of life", e o Luna Sea viajou entre dois mundos distintos de forma poética e erótica, então foi o Malice Mizer que terminou de escrever a página do visual kei como forma artistica: as apresentações do grupo eram realizados como peças teatrais.
Para ouvintes mais atentos, até as músicas soam como peças de teatros cantadas, como em "Gekka no yasoukyoku".
Fortemente influenciado pela música européia e filmes de terror italianos dos anos 60, o grupo fez da sua obra uma referência a inúmeros escritores ultra-românticos do final do séculos XIX, suas apresentações eram muito mais que um show de rock, eram um show de bossa-nova, de eletrônico, de pop rock, de qualquer coisa que alimentasse o espirito da letra e valorizasse seu visuais dentro do conceito.

Agora vamos aos números: X Japan encerrou atividades em 1997, Luna Sea em 2000 e o Malice Mizer em 2001.

Á partir do final dos anos 90, a cena visual kei explodiu, você via o visual kei em todos os cantos, televisão, jornal, revistas, quadrinhos, tudo fazia referência, o japão é um pais capitalista e alguns produtores começaram a ver que o visual kei podia se tornar algo lucrativo, se formaram os selos independentes de visual kei (reservarei um post exclusivamente pra falar destes selos), e foram surgindo milhares de bandas visual kei neste período vendendo inúmeros produtos fúteis e fazendo o estilo deixar de ser arte pra virar um comércio.
Algumas bandas eram compostas por membros que nem sabiam tocar, o que importava era o lucro final dos produtores, montavam a banda, vendiam. Se não dava certo, o grupo acabava e formavam outros grupos com outros nomes. A coisa começou a ficar mecânica e sem valor artístico nenhum, o único objetivo era o lucro comercial.
Segundo alguns "filósofos" das artes modernas, "só fica o que é de verdade", e essas bandas se tornaram tão numerosas que o visual kei morreu. Acabou.
Tudo que eu falei nos dois últimos parágrafos ainda acontece, ainda existem produtores pensando apenas no lucro líquido do seu produto, e bandas que formam apenas para completar essa lacuna comercial, É difícil citar quais bandas de visual kei ainda tem um espírito de "ser diferente" pois quase tudo que vejo hoje em dia é igual, cópias de coisas que já existiram (e muito mal-feitas) sem nenhum identidade.

Aliás, ser uma banda de visual kei sem identidade, deveria ser no mínimo algo contraditório, pois um estilo que se formou de uma necessidade de ser diferente se tornar tão igual e maçante, é porque definitivamente tem algo errado.

Vejo muita gente no twitter falar de Versailles (Que é uma cópia de Malice mizer, com direito até a copiar conceito e visuais) Gazette (Que seria um cuspe do Luna Sea, já que tanto seus guitarristas quanto o seu baixista parecem sombras do Sugizo e do J, respectivamente guitarrista e baixista do Luna Sea), e Nightmare, que além de terem também sombras, fazem questão de imitar riffs que o Luna Sea já tocava a 15 anos atrás.

Gazette alcançou o tão sonhado Tokyo Dome (estava vazio, mas ele chegou la) mas está longe de ser a banda que "salvará" o visual kei do seu estado vegetativo, afinal, X Japan lotou o mesmo estádio 18 vezes... Enquanto isso, esperamos que apareça um novo Luna Sea, que leve a marca do "estilo visual" de novo ao topo, sendo original, artístico e principalmente, sincero.

Este assunto segue no post que falarei sobre o mercado japonês de visual kei, a grande máfia e como o sistema funciona nos últimos 10 anos.

Crianças do Brasil...

Acordem

att, Anônimo

3 comentários:

  1. http://twitter.com/#!/MattBerserk/status/120619668686897153

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  2. Sabe, eu li hoje muitos do seus posts, e lendo esse, me veio a cabeça o post que fala sobre as bandas nacionais, sobre dar uma chance a coisas novas, e sei lá, as vezes parece que você anda se prendendo um pouco ao passado, claro, concordo em vários pontos com você, mas acho, realmente, que talvez você devesse abrir um pouco mais sua cabeça.
    Eu as vezes acho que sua opinião na verdade é totalmente capitalista, vendo que da maneira que fala, uma banda que não tem muitos fãs não é boa, mas eu realmente acho estranho, vendo que muita coisa boa por ai tem poucos fãs, outro do dia mesmo fui ao show de uma banda, nem me lembro bem o nome, e por eles serem desconhecidos realmente achei que devia ser no máximo mais ou menos, mas eles eram realmente muito bons.
    E temos que lembrar, que por mais conectados que estejamos, jamais estaremos lá, vivendo o que esta realmente acontecendo, talvez agora, enquanto eu escrevo, um novo Luna Sea, ou sei lá, algo totalmente sem precedentes esteja nascendo.
    Eu gosto do seu blog, mesmo, adoro as informações que você passa, mas acho que devia abrir um pouco mais sua cabeça.
    Talvez você devesse acordar um pouco também.
    :*

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  3. Eu concordo com muita coisa, mais eu acredito que lá no fundo ainda existam bandas de Visual Kei boas, sei lá posso estar enganado já que eu cheguei no mundo do Visual Kei em 2014 e conheço poucas bandas antigas, mas mudando de assunto como você acha que o atual cenário do Visual Kei poderia ser revertido?

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