quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Entrevista: Irie (Allumina)

Irie é uma pessoa que está ligada ao visual kei no Rio de Janeiro a mais de 10 anos, atualmente guitarrista da banda Allumina, ele já integrou outros grupos de visual, sua antiga banda, a Personna, fez a abertura do show do Kagrra, no Brasil, acompanhe a conversa que tive com ele:


Como você conheceu o visual kei?
Irie: Eu conheci o visual kei em 2000, "por acidente". Eu e mais uns amigos fomos na casa de um amigo da época pra jogar videogame. Esse amigo, que era o anfitrião da casa, vivia reclamando de uma banda chamada Malice Mizer e reclamava do Mana, que ele era estranho, que era um travesti feio, daí resolveu mostrar uns vídeos dele. A música que ele mostrou foi Gekka no Yasoukyoku e de cara eu gostei! Depois ele me mostrou o clipe de Myaku do Dir en Grey e à partir daí fui conhecendo as bandas clássicas como X JAPAN e LUNA SEA. Como na época era difícil de arrumar material pra conhecer bandas, dei muito mais valor.

Foi por causa do visual kei que você se tornou guitarrista ou já tocava antes? Quais bandas de visual kei você já teve nesse tempo?
Irie: Eu me tornei guitarrista por causa do visual kei. Existe um vídeo do Kagrra de Setsunaru Kotoba que quando eu vi eu fiquei louco! Na mesma época eu vi o Lunatic Tokyo do LUNA SEA. Especificamente na música TIME IS DEAD, o guitarrista SUGIZO vai pro meio do Tokyo Dome fazer o solo de guitarra. Quando eu olhei isso, eu pensei: "É isso que eu quero fazer. Quero tocar guitarra e ser um astro como eles".
Eu tive bandas visual kei com ideais que a galera no Brasil não entendeu muito. Eu participei da Kurohana, Marbellia, Personna, Makiavel e Iria

Antes da Allumina você integrava a Personna, correto? Qual o propósito que você tinha quando era integrante da Personna?
Irie: No início da Personna nós todos queríamos apenas nos divertir e tocar cover de bandas old school. Com o passar do tempo eu quis que a banda ficasse séria e que fizessemos composições em português misturando música brasileira com o estilo do visual kei. Fizemos uma música que misturava bossa nova com visual kei e a idéia era investir nisso, mas não deu certo por causa de problemas internos na banda mesmo.

A sua nova banda faz um som baseado em visual kei com letras em português, como é a recepção do público ja familiarizado com o visual kei?
Irie: Na verdade o Allumina continua mal compreendido. Eu cheguei num ponto onde tudo o que eu quero fazer é música sincera, é arte. O Brasil tem fãs de visual kei, mas a maioria dos fãs não tem maturidade pra valorizar as coisas. O nosso trabalho é inspirado em visual kei até porque é o que ouvimos majoritariamente, mas usamos isso como um diferencial, já que na estética não somos tão visual kei assim e pensamos que ter uma endumentária muito elaborada como os japoneses fazem é complicado, já que é muito calor, não temos estrutura e atrapalha um pouco. Sobre o som, muitas bandas tem como inspiração o blues, mas não é isso que eles tocam. É rock e pronto. O LUNA SEA quando surgiu não chegou e falou: "nós vamos ser visual kei". Além de não existir o termo na época, eles só queriam fazer o som deles do jeito mais sincero possível e se vestir como quisessem. No Allumina funciona assim também, tanto que eu sou a pessoa que usa maquiagem porque gosto. Algumas pessoas falam que nosso som parece com abertura de desenho japonês, outras gostam e acham diferente e outras pessoas se abstêem de comentários.

Na descrição da comunidade da Allumina no orkut, está escrito que vocês buscam uma "releitura" do visual kei, no que isso é baseado?
Irie: Essa releitura é justamente o que eu expliquei na outra resposta. Somos muito influenciados pelo visual kei. Nossa escola pra aprender os instrumentos foi o visual kei. Queremos trazer essa influência como diferencial no nosso som. Nós fazemos shows com todas as poses e atitudes do visual kei também. Essa é a nossa influência e é a tal "releitura". Adaptar ao máximo à nossa realidade o visual kei, que muitas pessoas tem preconceito ainda.

A Allumina se inspira em que para compor suas músicas?
Irie: Nas frustrações da vida. Nós geralmente mostramos o lado positivo das situações, ao contrário de muitos artistas. Se vamos falar de morte, então vamos falar de um modo positivo.

Como você definiria a cena atual de bandas visual kei no pais?
Irie: Não existe né? As bandas encontram dificuldades demais e principalmente a falta de apoio dos fãs de visual kei daqui. Cada vez menos existem bandas do estilo aqui e quando tem, elas se preocupam em fazer composições em japonês, não criando assim um mercado ou uma cena de verdade que seja rentável e auto sustentável. Com isso, qualquer protótipo de cena que é criado acaba se destruindo pela união da ignorância entre as bandas e os fãs.

O que você acha que falta para o estilo se popularizar no Brasil?
Irie: Bandas compondo em português e se unindo com outras bandas que fazem propostas sérias. As bandas tem que pensar como artistas e empresários ao mesmo tempo e não pensar como amadores. Tem que batalhar mais e mais e pensar que sozinho, ninguém tem força. O apoio mútuo é muito importante pra se ganhar respeito aqui também.

Como você descreveria os fãs de Visual kei no Brasil?
Irie: Imaturos em sua maioria. Não podemos generalizar, mas fanbase que briga por lugar em fila de show é no mínimo infantil e medíocre. Na hora do show, não adianta em nada você ter perdido até madrugadas em filas se sempre vai ter alguém que vai chegar mais na frente do que você se essa pessoa for mais forte.

Gostaria de dizer mais alguma coisa sobre os assuntos abordados ou alguma mensagem para quem lê o blog?
Irie: Os fãs de visual kei no Brasil tem que deixar o ego de lado e se unirem mais. Se tem bandas japonesas vindo pra cá hoje em dia, boa parte foi por causa de bandas brasileiras que sempre organizaram shows e tentaram chamar mais e mais fãs pro estilo e difundir cada vez mais. Valorizem mais os trabalhos daqui também porque existe muita coisa interessante já à mostra e por vir.



Agradeço ao Irie pelo tempo que dispôs para responder as perguntas,.
o Facebook da Allumina é: http://www.facebook.com/Allumina e você pode baixar as músicas gratuitamente.


att,
Anônimo

Um comentário:

  1. Esse negócio de brasileiro não apoiar coisas do próprio país também acontece com o rock mais tradicional. Vide rock in rio

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