quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entrevista: yu~ki (A'urea)

yu~ki é baixista e DJ de festas de música japonesa residente em Porto Alegre (capital do Rio Grande do Sul, caso não saiba) e esteve envolvido nos shows das duas bandas japonesas que fizeram shows na cidade: Monoral e GPKISM, confira a conversa que tive com ele:


Como você conheceu o visual kei?
yu~ki: Eu conheço X-Japan a cerca de 8 anos, mas a primeira vez que eu ouvi a palavra visual kei foi em 2005, um amigo me mostrou Beast of Blood do Malice Mizer e ficou me perguntando se eu achava que o guitarrista era uma mulher, no começo não dei muita bola, ele gravou um CD com as músicas da banda e a primeira faixa que eu ouvi foi Syunikiss, pensei que ele tinha gravado a banda errada pois era muito diferente do que ele tinha me mostrado, quando vi um video ao vivo de Gekka no Yasoukyoku foi paixão, ele gravou uma série de bandas japonesas pra mim em CDs, então eu conheci Dir en grey, Gackt, L'arc~en~ciel e Penicillin, a primeira banda que baixei foi Kagrra, e certamente essas bandas foram as principais que fizeram eu me tornar fã do estilo

Você se tornou baixista por causa do visual kei ou já tocava antes? Além da A'urea quais outras bandas visual kei você teve?
yu~ki: Não, eu já estudava música antes e tocava na noite como sideman de bandas de rock'n roll e de metal extremo, conheci visual kei com quase 17 anos e ja tocava desde os 15, meu ídolo maior sempre foi o Flea do RHCP, o visual kei me encantou pela liberdade que os músicos tem de serem o que quiserem sem se importar com estilos, isso me fez abrir a mente para muitas coisas na música.
Antes da A'urea eu tive algumas tentativas frustradas de formar bandas  de visual kei, até que em 2009 eu acabei participando da Madelleine, ajudei na produção do single e foi uma experiência muito divertida, além de ter conhecido os músicos que atualmente formam a A'urea comigo, acabamos nos tornando grandes amigos e com idéias parecidas e tudo isso graças a Madelleine

O seu perfil no facebook descreve que você foi/é DJ de festas de música japonesa, como é essa experiência?
yu~ki: Porto Alegre sempre se diferenciou do resto do país por causa das festas, em 2006 eu ainda estava começando no visual kei, mas as pessoas ja me viam como um fã, me tornei promoter da Tokyo Nights e em seguida o DJ residente da festa me deu a oportunidade de ser DJ da mesma pois eu ja tinha experiência com electro e industrial.
Depois de um tempo nós conseguimos data fixa em um clube muito conhecido no underground da cidade e isso foi muito bom pois muita gente passou a conhecer o nome do visual kei por causa disso, mais tarde a equipe teve a oportunidade de trazer a primeira banda japonesa pra Porto Alegre, o Monoral, em 2008.
No ano seguinte eu me tornei DJ e produtor da J-Party Ballads e no final daquele ano a produtora da festa trouxe o GPKISM, foi muito legal poder ficar perto desses artistas, hoje minha relação com essas festas é apenas como DJ, mas eu produzo uma festa chamada Overlord que dá espaço para novas bandas inspiradas em visual kei que queiram divulgar seu trabalho e outros convidados, é a primeira festa exclusiva de visual kei na cidade.


No release da A'urea do facebook diz que vocês "reescrevem" o visual kei, o que isso quer dizer?
yu~ki: No Brasil os fãs acham que pra ser visual kei precisa ser japones, e nós não somos japoneses e nem temos a estética e aparência de japoneses, tentamos adaptar o conceito do estilo a nossa realidade, queremos fazer música sem nos preocuparmos como a forma que ela irá soar, queremos poder vestir as roupas que formariam um conjunto interessante com a música sem parecer forçado, tem que ser sincero, por isso estamos tentando reescrever a idéia toda par a nossa realidade e necessidade.

Qual a inspiração para compor as músicas?
yu~ki: Experiências que vivemos, muitas vezes frustrações mas de uma forma poética, temos muitas experiências, alegres e outras nem tão alegres assim, mas sempre buscamos fazer com que a música soe exatamente como trilha sonora do conteúdo que ela vai tratar, mesmo que uma música soe triste sempre haverá outra pra dizer que está tudo ok.


Como é a recepção do público em relação a música que vocês fazem?
yu~ki: Muitas pessoas nos compreendem mal as vezes, principalmente porque eu sou uma pessoa que não mede palavras, eu sempre digo o que precisa ser dito e eu sou muito direto quando algo não me agrada nos shows, algumas pessoas não entendem isso e vêem como grosseria ou prepotência.
Fico feliz quando pessoas novas aparecem em nossos shows e quando casais se beijam em nossas músicas mais romanticas e quando dançam nas mais eletrônicas, isso mostra que de alguma forma nosso sentimento está chegando até essas pessoas, temos menos de um ano de banda e ainda não deu pra entender bem como o público reage, mas até agora sempre foi uma recepção boa e eu fico feliz quando as pessoas gritam pedindo para tocarmos tal música, a outra parte não fala nada, acho que ficam meio indiferentes ou até em dúvida se gostam ou não por nossas músicas serem ímpares e em português, alguns esperam que sejamos a "Madelleine com outro nome", mas não fazemos mais músicas em japonês.

Como você definiria a cena de bandas visual kei no Brasil?
yu~ki: Eu não sei bem que palavra usar para definir a cena, eu acho que falta mais união, apesar de eu ter amigos em outras bandas de outros estados e trocarmos experiências e ajudas constantemente, a maioria das novas bandas se mantém isolada.
O Brasil é um país grande e as vezes romper a barreira da distância fica difícil, mas aqui mesmo em porto alegre eu noto que existe muita individualidade de certas bandas, eu acho que se as bandas tivessem vontade de aprender como serem mais profissionais e pensarem em mercado, poderia existir uma cena sólida, mas eu acho que a maioria das bandas e os fãs ainda são adolescentes e não compreendem certas coisas direito.

Como você descreveria os fãs de visual kei no Brasil?
yu~ki: Se você me permite chutar o balde, além dos colegas de algumas bandas, é menos de 10% que eu respeito, o resto eu poderia cuspir na cara delas e me sentir feliz por ter feito uma boa ação.
São crianças mimadas, eu já desisti de tentar trabalhar pra esse público a algum tempo, por isso a A'urea está tentando buscar novos ouvintes na cena de rock mais tradicional


O que você acha que falta para o visual kei se popularizar no país?
yu~ki: Eu tenho muita fé que os fãs se tornem adultos sensatos e que as bandas pensem de forma mais profissional, acho que esses dois pontos somado a união de quem acredita que é possivel pode fazer uma baita diferença


Gostaria de dizer algo relacionado aos assuntos abordados ou qualquer mensagem para os leitores do blog?
yu~ki: Psychedelic Violence - Crime of visual shock


Agradeço ao yu~ki pelas respostas e pelo tempo gasto.
O Facebook da A'urea é http://www.facebook.com/OficialAurea e em breve a banda estará disponibilizando suas músicas para download gratuíto.

att,
Anônimo

Nenhum comentário:

Postar um comentário