sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O futuro da indústria musical - Parte 1

Em vários anos acompanhando e outros anos presente no que os brasileiros conhecem como "Visual kei" pude notar que muitas pessoas tratam essa cena como algo especial, como se tivesse algo de diferente, e tem: Fãs da pior espécie.
Mas existem alguns fatores que devem ser levados em consideração e que mostram uma realidade da cena Visual kei, mas que são na verdade características da industria musical em geral. Pra quem acompanha a cena Visual kei a 5 anos isso talvez não faça sentido, mas pra quem acompanha a 10 anos, ou 15, se torne mais óbvio.

Os anos 80
Essa foi a primeira década após a "década punk" e praticamente todos os gêneros de rock nos anos 80 tiveram a influência desse movimento, dando origem a tantos outras vertentes de gêneros e subgêneros. Foi nessa época que o "do it yourself" foi impulsionado, fazendo surgirem diversos selos pequenos de música no reino unido, e a Europa se tornou o berço dos estilos independentes punks como o New Wave e o industrial.
Nos Estados Unidos havia surgido uma tal de MTV, e era iniciado a época da produção em massa de videoclipes para o mainstream e televisão: toda banda grande deveria ter clipes na MTV, e o seu produto seria vendido, porém esse aspecto começou a valorizar a "imagem", nesse impulso o Glam Metal (O hard rock glam, ou metal farofa) se popularizou nas Américas, trazendo com isso as primeiras manifestações entre roqueiros.
O Heavy Metal com suas roupas rasgadas e cabelos compridos rebeldes e sua imagem agressiva era totalmente contra o brilho, o glamour e a androginia presente no Glam Metal, e por muitas vezes com razão pois certas bandas eram 'montadas' por produtores apenas para tentar tirar algum dinheiro (Nossa, parece que eu já ouvi essa história antes!) James Hetfield chegava a usar patches escrito "Anti poser" (Derivado da palavra francesa "Poseur").
Começava ali então um retrato que se vê até hoje, brigas entre roqueiros de estilos diferentes (Nossa, parece que eu já ví essa história também, fãs de rock xingando emos e coloridos!).
Enquanto no ocidente os fãs de Heavy Metal se enfureciam com o massivo apelo visual das bandas de Glam Metal e algumas bandas de pós-punk, no Japão acontecia exatamente o oposto: União. Muitas bandas de Glam Metal (Como o Dead End, na época) não se importavam em colaborar com bandas de metal, e uma das bandas de Heavy Metal mais expressiva dos anos 80 la na ilha foi o X-Japan, que curiosamente ficou famosa pela seu visual expressivo e agressivo.
O rock no japão sempre tentou concorrer com outros estilo de música pop (que até hoje são maioria naquele país e vendem muitos discos) mas nos anos 80 uma união de bandas de diversos estilos causou o súbito sucesso das mesmas; O ano foi 1987, onde inúmeras bandas alcançaram seu ápice: BOOWY, Dead End, Buck-Tick, COLOR, D'erlanger, e nos anos seguintes X-Japan, Zi:Kill e kamaitachi e Loudness. O final da década de 80 foi muito próspero para as bandas de diversos estilos, do punk gótico até o Heavy Metal, e esse sucesso só foi mantido por algo que já foi comentado aqui: Tommy e Yoshiki (COLOR e X-Japan, respectivamente) formaram seus selos independentes e agregaram bandas em um processo de "colaboração partilhada" fazendo o início da década seguinte ser o berço de diversas bandas que viriam a serem rotuladas pela mídia como "Visual kei", Mas isso já é assunto pra outro post.
Vale a pena ressaltar que o termo "Visual kei", apesar de ter sido usado de forma comercial extensiva pelo mercado japonês nos anos 90, já era (e é) usado para designar qualquer outro artista de apelo visual, seja ele Glam ou gótico: Kiss era denominado assim, também como o Mötley Crue, nos anos 80, como Marilyn Manson nos anos 90, The69Eyes na década passada e atualmente Black Veil Brides tem sido nomeado assim seguidamente.

O próximo post será sobre os anos 90.

Crianças do Brasil...
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Anônimo

Um comentário:

  1. Olha... eu acompanho a cena a 5 anos... e me pareceu meio óbvio sim, obrigado.
    Uma ótima síntese do que ja sabia. Obrigado. Muito boa a matéria.
    Pensei que esse site havia acabado de vez.

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